3.Introdução Teórica

Este trabalho baseia-se no desafio proposto pelo Centro de Ciência Viva “E se um bloom de cianobactérias te batesse à porta”, onde estudámos uma cultura de Microcystis aeruginosa e realizámos testes de toxicidade com outros dois seres vivos (Chlorella e Artemia) de modo a percebermos a influência das cianobactérias noutros organismos marinhos e até que ponto a nossa cultura lhes pode ser prejudicial.
Esta espécie de cianobactéria existe desde sempre no nosso ecossistema terrestre, no entanto, as suas colónias têm vindo a aumentar cada vez mais, o que constitui um forte perigo para o ambiente e para a saúde dos seres que usufruem dessas águas. Esta alteração deve-se, principalmente, à eutrofização que se têm vindo a verificar nos oceanos causada pelo acréscimo das descargas de esgotos ou produtos químicos que, por sua vez, vão favorecer o crescimento destas espécies.


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A Microcystis aeruginosa, tal como a maioria das cianobactérias, tem tendência a agrupar-se em colónias à superfície, em águas pouco salgadas e ricas em nutrientes, podendo, ainda, juntar-se e formar blooms. Assim diminuem a quantidade de luz que atravessa a superfície da água e chega aos seres vivos que, por sua vez, necessitam dela para realizar a fotossíntese e conseguirem sobreviver. Por vezes, estes blooms são tão densos que é impossível ver-se, por exemplo, uma mão quando colocada a poucos centímetros de profundidade.


http://www.sciences.uqam.ca/…/vol4_no9_art_rech4.html

Contudo, as cianobactérias desta espécie necessitam de um clima quente e de sol, pelo que quando os dias começam a ficar mais curtos e frios, tendem a dissipar-se. Para além disso, o vento e a chuva também contribuem para o seu desaparecimento.
Um dos principais efeitos que esta espécie causa no meio ambiente em que vivem é o facto de consumirem o oxigénio existente nessas águas, diminuindo assim a quantidade disponível, quer para elas (cianobactérias), quer para os outros seres vivos. Por outro lado, produzem determinados tipos de toxinas prejudiciais para os animais que beberem essa água e para nós, Homens, causando diversos problemas como por exemplo, irritações, náuseas, febres, vómitos, gastroenterites, entre outros. Por fim, aquando da morte das cianobactérias, ocorre a libertação de determinados produtos tóxicos que vão poluir as águas e, consequentemente, afectar a saúde dos seres que ali habitam.
Como foi referido anteriormente, trabalhámos também com outros dois organismos: a Chlorella vulgaris e Artemia salina.
A Chlorella é uma alga verde unicelular que pertence ao reino protista e cuja classe é Chlorophyceae. Durante a execução do nosso trabalho foi usada especificamente a microalga Chlorella vulgaris, que apresenta forma esférica e um diâmetro que varia entre 5 (cinco) a 10 (dez) micrómetros. Apresenta ainda fotossintetizadores das clorofilas a e b no seu cloroplasto sendo o ser com maior conteúdo de clorofila até agora conhecido. Para a sua reprodução esta alga necessita apenas de luz solar, água (H2O) e dióxido de carbono (CO2), e a mesma dá-se a um grande taxa na presença destes três factores.


http://www.dr-ralf-wagner.de/Gruenalgen-englisch.html

Actualmente é usada na prevenção contra o cancro (diminuindo o risco de uma pessoa vir a tê-lo) e é também usada para diminuir os efeitos secundários de quimioterapia em caso de cancro, tendo sido usada no âmbito deste trabalho para realizar testes de toxicidade e perceber a influência de cianobactérias no seu desenvolvimento.
Por sua vez, a Artemia (conhecida vulgarmente como o “camarão de água salgada”), pertence à ordem Anostraca e é um pequeno crustáceo cujo tamanho e cor variam consoante aquilo que comem.
Estes pequenos seres vivem em regiões de água salgada concentrada (salinas) e são ricas em proteínas, vitaminas e sais minerais, o que lhes confere a capacidade de acelerar a recuperação de algumas doenças. Para além disso, os seus náuplios constituem um dos melhores alimentos vivos para certas espécies marinhas como o cavalo-marinho e corais, sendo portanto bastante importantes em várias cadeias alimentares.
A Artemia pode reproduzir-se de duas maneiras diferentes: de forma ovivípara, que acontece quando a salinidade baixa com o aumento da chuva, por exemplo, e em que ocorre libertação directa de náuplios por parte das fêmeas, e de forma ovípara, que acontece quando a salinidade aumenta com a evaporação da água, em que os embriões desenvolvem-se e encapsulam, podendo interromper o seu metabolismo e permanecer como cisto (saco fechado que possui uma membrana biológica distinta) durante um longo período de tempo.


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Com todas estas informações, foi-nos mais fácil compreender determinados processos que tínhamos de realizar para não provocar qualquer alteração negativa no equilíbrio destes seres vivos, bem como sentirmo-nos mais à vontade no manuseamento destes, uma vez que, desta forma, não estávamos a trabalhar com nada de que não tivéssemos o mínimo de conhecimento.

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